Telefone

 
  O mais irônico a respeito da invenção do telefone foi o fato de ter sido marcada por problemas de comunicação ou pela falta dela. Na verdade, muitos inventores trabalhavam individualmente, não compreendendo bem as descobertas anteriores ou perdendo tempo em alcançar resultados que alguém já havia conseguido.
   Alexander Graham Bell, por exemplo, é aclamado como o inventor do telefone. No dia 10 de março de 1876, utilizando seu aparelho recém-construído, proferiu as célebres palavras para seu assistente: "Sr. Watson, venha aqui, eu gostaria de vê-lo." Entretanto,
Bell não foi a única pessoa a explorar esse dispositivo que posteriormente viríamos a chamar de telefone. Na realidade, somente obteve o crédito com sua invenção por uma questão de horas, já que outros haviam obtido o mesmo sucesso que ele. Elisha Gray
também entrou com um pedido de registro de patente para um telefone apenas algumas horas após Bell, e, se sua patente tivesse sido registrada antes da de Bell, provavelmente estaríamos narrando a sua conquista.
   Alem disso, os inventores não faziam qualquer cerimônia em se apropriar da tecnologia alheia para proveito próprio. Bell, por exemplo, não havia ainda construído um telefone que funcionasse, mas acabaria por fazê-lo três semanas após entrar com seu pedido de registro de patente utilizando as "instruções de montagem de invento" elaboradas pelo químico inglês Stephen Gray.
   Apesar de ambos os inventores serem obstinados, dedicados e inventivos, foi o conhecimento de Bell a respeito da acústica (o estudo do som) que fez com que levasse vantagem sobre Gray. Bell conhecia um pouco sobre eletricidade, um componente indispensável para a construção de um telefone que funcionasse, mas era um exímio conhecedor de acústica. De fato, assim como Gray, muitos outros inventores que trabalhavam em projetos similares tinham maiores conhecimentos de eletricidade do que de acústica, o que se traduzia numa completa inaptidão em lidar simultaneamente com duas disciplinas para a criação do telefone. O primeiro passo importante na evolução do telefone ocorreu em 1729, quando Stephen Gray fez com que a eletricidade fosse conduzida por um fio por mais de 90 metros.  Em 1820, entra em cena o físico dinamarquês Christian Oersted. Em seu famoso experimento em sala de aula na        Universidade de Copenhague, ele aproximou uma bússola de um fio alimentado por uma corrente elétrica. Como conseqüência, a agulha da bússola começou a se mover como se estivesse sendo atraída por um grande ímã. Oersted havia feito uma descoberta surpreendente: a corrente elétrica cria um campo magnético.
   Um ano mais tarde, o inventor Michael Faraday inverteu a experiência de Oersted e descobriu a indução elétrica. Ele conseguiu criar uma corrente elétrica fraca ao enrolar fios ao redor de um ímã. Em outras palavras, um campo magnético fez com que uma corrente elétrica percorresse um fio que estava próximo.
   O resultado foi assombroso. Energia mecânica podia ser convertida em energia elétrica. A conseqüência dessa descoberta, anos mais tarde, foi a elaboração de turbinas que, impulsionadas pelo fluxo de água ou pela queima de carvão, produziam eletricidade
   Tanto o modelo primitivo do telefone — um aparelho rústico com um funil, um recipiente com ácido e alguns fios apoiados em uma base de madeira — quanto o aparelho de nossos dias apresentam um modo de funcionar muito semelhante.
   Nos transmissores elétricos modernos, uma fina folha de plástico (muito similar ao tímpano humano, que funciona sob o mesmo princípio) é coberta por um revestimento metálico condutor. O plástico separa o revestimento de um outro eletrodo metálico e mantém um campo elétrico entre eles. As vibrações provenientes das ondas sonoras produzem flutuações no campo elétrico, que, por sua vez, produzem pequenas variações de voltagem.
As voltagens são ampliadas para transmissão através da linha telefônica. Trocando em miúdos, o telefone moderno é um instrumento elétrico que carrega e varia a corrente elétrica entre dois diafragmas mecânicos. Ele duplica o som original de um diafragma e o transfere para outro. Simples, mas ao mesmo tempo profundo em seu impacto

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