O Automóvel

Conta a lenda que o barão da indústria automotiva, Henry Ford, 111dia um modo bastante peculiar de despedir uma pessoa: o empregado deixava o posto na sexta-feira e, ao retornar na segunda, encontrava sua mesa vazia e um aviso informando que ele não pertencia mais ao quadro da empresa.
Lendas à parte, três coisas são inquestionáveis a respeito de Ford: ele revolucionou o automóvel no mundo todo, criando um carro que era prático e acessível; criou algo que inexistia e que se chama linha de produção, que revolucionou a indústria, e mudou o modo de vida nos Estados Unidos. Antes de Ford, havia os cavalos e as charretes. Depois de Ford, havia o automóvel.
Os membros da família de Ford começaram a imigrar do condado de Cork, na Irlanda, para Dearborn, Michigan, nos Estados Unidos, em 1832. William, pai de Henry, hospedava tios e tias que chegavam à região na década de 1840 fugindo da "fome da batata". Michigan era um excelente lugar para imigrantes. Na época,
qualquer um podia comprar um acre (4.047m2) de terra pela quantia de 120 dólares. Os imigrantes compraram cada centímetro de solo disponível e se prepararam para cultivá-lo. Na época da colheita,
a produção era vendida em Detroit, que não era muito distante e podia ser abastecida com carroças.
Henry, nascido em 1863 — dois anos antes do fim da Guerra de Secessão —, trabalhava nas terras da família. Mas, aos 16 anos, começou a trabalhar meio período em uma oficina mecânica onde
podia descobrir como as coisas funcionavam e se atendo a invenções. Depois foi trabalhar na Detroit Edison Company e, quando completou 30 anos, já havia galgado todos os postos e se tornara
responsável pelo setor elétrico da cidade A função dava a cie muito tempo livre. Apesar de estai de sobreaviso 24 horas por dia, as circunstâncias raramente requeriam sua presença. Isso permitia que ele se isolasse em sua oficina, onde, em 1893, construiu um motor movido a gasolina que era um aperfeiçoamento
em relação aos predecessores. Três anos mais tarde, inventou um objeto desajeitado, semelhante a uma aranha com quatro rodas, que era parte bicicleta, parte automóvel. Ele batizou o veículo de "quadriciclo" ou de "carruagem sem cavalos". Nos anos que se seguiram, aperfeiçoou sua carruagem sem cavalos e, em 1903, achou que já havia desenvolvido um veículo comercializável. Com apenas 28 mil dólares, Ford fundou a Henry Ford Company. A empresa foi um sucesso — ele fazia propaganda dela correndo com seu carro; ele mesmo conduziu um modelo "999" na quebra de um recorde mundial, percorrendo uma milha (1.600 metros)
em 39,4 segundos, e começou quase que imediatamente a sofrer represálias da Associação de Produtores de Automóveis, que alegaram que ele não poderia usar um motor a gasolina, que, de acordo com a associação, havia sido patenteado em 1895. Ford tinha uma opinião diferente e afirmava que seu motor era diferente
do original. A contenda chegou aos tribunais e, em 1903, Ford perdeu. Mas em 1911 ele teve seu recurso deferido. Em 1908, Ford comunicou ao mundo que produziria um carro popular, e assim o fez. O Modelo T vendeu mais de 15 milhões de unidades e Ford conquistou metade do mercado mundial de automóveis. A essência de seu sucesso não estava somente no carro, que era bem produzido, mas no valor daquilo que seus consumidores recebiam. Em 1908, o Modelo T custava 950 dólares, mas, por causa das inovações na linha de produção e da sua vontade de pagar a seus empregados o dobro do que pagavam outros produtores,
o que os encorajava a apresentar uma maior produtividade, ele produziu em 1927 o Modelo T por 300 dólares. Para obter as partes componentes de seus veículos, Ford comprou as empresas dos fornecedores de matéria-prima de que necessitava — as minas, florestas, fábricas de vidro e seringais —, assim como os barcos e trens que transportavam o material. Os lucros eram tão grandes que ele podia financiar essas aquisições com recursos próprios. Ford era um homem durão, mas a maior tristeza de sua vida, aquela da qual jamais pôde se recuperar, foi a morte de seu filho, Edsel, vítima de câncer, em 1943. Foi dito que o coração de Ford se foi com o filho, não só para os negócios, mas também para a própria vida. Dois anos após a morte de Edsel, Ford passou o comando (ou o volante) de sua companhia para seu neto, Henry Ford II. Ele morreu quatro anos depois da morte de Edsel, e, em seu testamento, sua parte nas ações da empresa foi destinada à Fundação Ford, tornando- a uma das principais organizações filantrópicas do mundo.

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