O Telégrafo

Um dos fatos mais interessantes na história da invenção do telégrafo foi que seu inventor, Samuel F. B. Morse, começou a vida como artista, mais especificamente como retratista. Normalmente, as pessoas que são criativas nas ciências humanas não se envolvem em atividades que tenham a ver com mecânica, mas sempre existiram exceções a essa "regra". Na verdade, o primeiro exemplo seria Leonardo da Vinci.
Após se formar na Universidade de Yale, em 1810, Morse embarcou para a Inglaterra com o intuito de estudar arte. E foi o que realmente fez, retornando aos Estados Unidos em 1813 e se aprimorando
gradualmente até se tornar um dos melhores retratistas da América. Ele retratou diversas personalidades da época, incluindo outro inventor, Eli Whilney, que inventou a máquina descaroçadora de algodão.Morse sempre teve interesse pela ciência. Um dia, em 1832, ao retornar de uma de suas viagens à Europa, ele escutou por acaso algo que estimulou sua imaginação. A conversa era sobre a invenção do eletromagneto, por Joseph Henry, um aparelho que, conforme Morse saberia mais tarde, era capaz de emitir um impulso através de um fio. Na verdade, Morse soube que, em 1831, Henry havia enviado um impulso através de um fio com mais de 1.600 metros de extensão. Um impulso elétrico, gerado por uma bateria, percorreu
um fio e, ao chegar à outra ponta, fez com que um sino, acoplado a um ponto magnético, tocasse.A idéia de Morse era criar um sistema de comunicação utilizando uma linguagem baseada em impulsos elétricos. Apegando-se a tal idéia, ele começou a criar uma série de transmissores e receptores
magnéticos e, três anos após ter escutado a conversa no navio, Morse já estava preparado para testar os protótipos. Prendendo- se cada vez mais às suas criações mecânicas, em 1837 ele abandonou completamente a arte e um ano mais tarde desenvolveu uma série de pontos e traços que viriam a ser conhecidos como "código Morse" O problema para Morse, então, passou a ser testar sua invenção em grande escala. Para tanto, ele trabalhou duro no intuito de persuadir o Congresso dos Estados Unidos a patrocinar seu projeto. A princípio ele não foi bem-sucedido em seus esforços para convencer o Congresso, mas posteriormente Morse persuadiu os congressistas e foi estendida uma linha percorrendo os quase 60
quilômetros que separam Baltimore de Washington. Os expectadores, com a respiração suspensa, assistiram a um operador telegrafar a mensagem que seria recebida na outra ponta da linha: "O que Deus fez?"
Até mesmo Morse enfrentava problemas com relação ao registro da patente — como muitos outros inventores tiveram — e foi processado diversas vezes por muitas pessoas que aspiravam a ter direitos pelas patentes dele. Finalmente, o litígio definitivo chegou à Suprema Corte americana. Em 1854, a Corte decidiu a favor de Morse.
Ironicamente, o único homem que não processou Morse foi justamente aquele que poderia reivindicar algo: Joseph Henry. Foi Henry quem inventou o sistema de relés que permitiu que o sinal telegráfico fosse ampliado e pudesse ser receptado em seu destino, mas Morse nunca reconheceu isso. Na realidade, assim como alguns outros inventores, ele nunca reconheceu o auxílio de alguém.
Com o passar dos anos, o aparelho de recepção também foi redesenhado. Primeiro, havia um rolo de papel contínuo e um instrumento pontiagudo que perfurava o código, e então um dispositivo usando tinta tomou seu lugar. Por volta de meados da década de 1850, descobriu-se que os operadores eram capazes de escrever o código se algum tipo de "sonorizador" fosse utilizado. O sonorizador passou a ser adotado e seu som característico se tornou famoso em muitas cenas de filme em que a vida estava por um fio. Morse morreu aos 81 anos, em 1872. Sua invenção o tornou rico e ele se tornou um filantropo, contribuindo para organizações
missionárias e de assistência a dependentes do álcool, assim como para escolas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário