O Fio

   Desde a Antigüidade, o cordame dos navios e muitos outros objetos confeccionados pelo homem eram feitos, movidos e suspensos por cordas, que eram feitas de plantas (raízes, trepadeiras ou tiras de cascas de árvore) ou animais (tendões, pele ou pêlo). Os fios foram desenvolvidos como um substituto mais forte para as cordas, mas esse foi apenas um dos usos desse material. A princípio, o fio foi desenvolvido para prover uma necessidade: a capacidade de suportar e/ou arrastar cargas pesadas. Só mais tarde é que o fio tornou-se imprescindível para a transmissão de eletricidade e som.
   No início da produção dos fios, estes eram produzidos pelo forjamento de tiras de metal, transformando-as em longas linhas. O método, conhecido como "delineamento", foi desenvolvido por volta do ano 1000 dc nossa era. O processo consistia em tracionar ou delinear o metal de maneira que fossem formadas tiras finas e contínuas e que produziam um fio mais forte do que aquele que poderia ser produzido por um outro método. A primeira pessoa a estirar um fio, por volta de 1350, utilizou a força da água. Seu nome era Rudolf de Nuremberg. Os fios foram estirados por esse método durante séculos, até que a máquina a vapor viesse a ser inventada. Apenas a partir do século XIX os fios passaram a ser estirados utilizando a força a vapor.
Ichabod Washburn, considerado o Pai da Indústria do Aço, fundou uma fábrica de fios em Worcester, no Estado de Massachusetts, em 1831. Na era moderna, no entanto, quase todos os fios são confeccionados por máquinas, e o processo está quase completamente automatizado. Os "lingotes", ou seja, as grandes peças de metal, como o ferro, aço, cobre, alumínio ou outros metais, são laminados em barras, chamadas "biletes". Os biletes são laminados em pequenas varetas, que são aquecidas para reduzir a fragilidade, revestidas de um tipo de lubrificante e a seguir passadas numa série de fieiras para diminuir ainda mais a espessura e assim produzir o fio.
   Para produzir fios mais fortes, a espessura deles é aumentada. Para aumentar a espessura, vários fios são entrelaçados ou trançados em forma de corda e não mais num único fio grosso. O problema é que os fios mais grossos podem se quebrar no ponto que estiver mais fraco. O entrelaçamento de vários fios mais finos evita esse problema. Um produto de maior espessura é obtido por meio da torção de fios em volta de um núcleo, que pode ser um fio ou um cabo, para criar um filamento de espessura média. Em seguida, fios
adicionais são enrolados ao núcleo. O resultado é conhecido como cabo de aço. Os cabos de aço começaram a ser confeccionados na década de 1830. Em 1840, a patente de um novo tipo de cabo de aço foi obtida pelo inglês Robert Newell. O método de retorcer ou entrelaçar os fios de metal se tornou muito popular e foi utilizado mais tarde como um material de construção resistente. John A. Roebling, um dos pioneiros na construção de pontes pênseis, esteve na vanguarda na utilização de grandes quantidades de
cabo de aço, obtidos por meio do entrelaçamento, para a construção de pontes pênseis, como a Ponte do Brooklyn, na cidade de Nova York, em 1883. De fato, diz-se que existe uma quantidade de cabos de
aço na Ponte do Brooklyn suficiente para ser esticada até a Lua. No final do século XIX, uma outra utilidade dos fios tornou-se conhecida: eles podiam conduzir eletricidade. A importância dessa descoberta pode ser verificada na quantidade de utilizações nas quais o fio elétrico pode ser aplicado, nas mais variadas medidas e espessuras: construção civil, barcos, carros e aviões. Quanto mais energia um fio transporta, mais grosso ele deve ser. Se a bitola do fio não for corretamente observada, pode ocorrer um superaquecimento
e derreter o fio, criando fagulhas, que são geralmente controladas por um "fusível" ou um "disjuntor".
   Hoje, quase todos os fios elétricos são feitos de cobre, já que é um ótimo condutor elétrico. A fiação elétrica é quase sempre revestida por algum tipo de material isolante, geralmente borracha ou plástico, de modo que a corrente que percorre o fio não ocasione nenhum dano. Existem diversos tipos de padronização de instalações elétricas. Em algumas áreas do mundo, o padrão das instalações são os fios duplos: um fio "positivo" (que apresenta corrente elétrica) e o "neutro" (sem corrente), que transporta a corrente de
volta do aparelho elétrico. Muitas localidades adotam um terceirofio, o fio "terra", necessário nos casos de fuga de corrente. O fio "terra" conduz a energia errante para a terra — já que a eletricidade é atraída pela carga negativa da terra —, evitando que essa corrente venha a ferir alguém.
   Por algum tempo, os fios de alumínio foram amplamente utilizados e talvez ainda sejam em algumas áreas, mas seu uso resultou em muitos incêndios em casas e prédios e acabou sendo considerado inseguro. O problema é que quando a fiação de alumínio é submetida a temperaturas elevadas, dilata-se e, posteriormente, se contrai, afrouxando a capa de isolamento e, conseqüentemente, causando uma deficiência e até mesmo um incêndio.
   Os fios têm também uma grande utilidade doméstica, sendo usados até mesmo para pendurar quadros.

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